Como construir uma Cultura de Inovação Corporativa
Dois terços das empresas declaram que a inovação é crucial para sua sobrevivência. Mesmo assim, menos de um terço delas diz que está inovando de forma bem-sucedida para conseguir crescer e aumentar o faturamento. Se quase todas as empresas sabem que precisam inovar, por que a maioria parece não estar conseguindo? Em tempos em que a inovação parece ser mais necessária que nunca, é indispensável entender, acima de tudo, como inovar. 52% das 500 maiores empresas dos Estados Unidos desapareceram entre 2000 e 2017. Segundo Pierre Nanterme, CEO da Accenture, a chegada do digital foi a maior razão para que isso ocorresse. Segundo Nanterme, estamos passando por diversas novas ondas de inovação que vêm mudando todo o mundo dos negócios. Saber reconhecer e responder a essas inovações é fundamental para se manter relevante hoje e nos anos que virão. Os Três Pilares da Inovação Corporativa Matthew Le Merle e Alison Davis citam três grandes pilares necessários para qualquer empresa que deseja desenvolver uma cultura de inovação corporativa. São eles: 1) Líderes inovadores capazes de inspirar e espalhar a inovação para o resto da empresa A inovação é praticamente impossível se a liderança não estiver plenamente envolvida. O líder (ou líderes) de uma organização inovadora não são necessariamente as pessoas mais criativas do mundo, mas, sim, pessoas que possibilitam que a inovação ocorra dentro da companhia, derrubando barreiras e inspirando colaboradores. Pense em algumas das empresas mais inovadoras de todos os tempos. O que elas têm em comum? Líderes inovadores e inspiradores.A Disney, em seus primórdios com Walt Disney e, desde 2005, com Bob Iger. A Amazon, com Jeff Bezos A Tesla, com Elon Musk Um líder inovador, ao contrário do que muitos podem pensar, não é alguém que sabe todas as respostas e todos os caminhos para a inovação. O papel do líder inovador é, sobretudo, fazer as perguntas certas e dar autonomia aos seus colaboradores para que a inovação aconteça. Uma clássica frase de Steve Jobs serve bem ao caso: “Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e dizer a elas o que elas devem fazer; nós contratamos pessoas inteligentes para que elas possam nos dizer o que fazer”. 2) A inovação vista de forma estratégica Para o desenvolvimento de uma cultura de inovação corporativa é essencial que a inovação seja tratada de forma estratégica. Mesmo que um líder inovador esteja à frente da empresa, é necessário que a inovação esteja diretamente ligada à estratégia de negócio da companhia. Boa parte das grandes corporações tradicionais criam planos de negócios a serem revisados a cada seis meses ou um ano. A inovação, muitas vezes, é deixada de “lado” ou tratada como algo abstrato, sem metodologias ou acompanhamento. Visualizar a inovação de forma estratégica é alinhá-la à estratégia geral da empresa. Para construir uma cultura corporativa inovadora, é necessário um remodelamento dos planos de negócios, levando em conta metodologias para flexibilizar planejamentos de longo prazo. Gestores podem utilizar uma metodologia como a Scenario planning para visualizar o futuro e a inovação de forma mais ampla e levar em conta esses cenários futuros para a tomada de decisão. 3) Culturas que sustentam a inovação Além de líderes inovadores e inspiradores e uma visualização da inovação de forma estratégica, companhias inovadoras desenvolvem cultura que servem de base para que a inovação ocorra. Uma cultura de inovação busca que todos os seus funcionários, sejam eles a alta direção ou os operacionais, sejam apaixonados por encontrar melhores e mais inovadoras formas de atender os clientes. Só quando os colaboradores possuem autonomia para buscar prover o melhor para os clientes, cases como este, do Ifood, podem acontecer:Uma bebê de cinco meses, chamada Alice, fez um pedido de um prato de massa no iFood, por meio do celular da mãe. A mãe, ao perceber, entrou em contato com o iFood, que cancelou o pedido. Mais do que isso, a empresa enviou uma carta, um bicho de pelúcia e um celular de brinquedo para que a neném possa realizar seus pedidos. Apenas com uma cultura inovadora bem desenvolvida e autonomia é possível atingir esse nível de encantamento do cliente. Atributos culturais que sustentam a inovação Não existem fórmulas mágicas para criar uma cultura que sustente a inovação, contudo, existem algumas atributos que estão diretamente ligados a algumas das culturas de empresas mais inovadoras, são elas: Uma forte identificação com os consumidores e uma orientação geral à experiência do cliente; Paixão e orgulho pelos produtos/serviços oferecidos pela empresa; Respeito pelo talento e conhecimento técnico dos pares; Abertura a novas ideias vindas de clientes, competidores e fornecedores; Cultura de colaboração entre funções. Quem são os inovadores? Por fim, é importante perguntar: Quem, afinal, são os inovadores? É bastante provável que, dentro da sua companhia, já existam profissionais extremamente inovadores, mas que talvez não tenham tido a oportunidade de experimentar coisas novas. Esses intraempreendedores estão dispostos a ser obcecados pelos clientes, testar coisas, errar e aprender com os erros. Contudo, é necessário que seja dado a eles o ambiente e as condições favoráveis para que isso aconteça. Uma lendária história da Amazon, contada pelo seu engenheiro de software Greg Liden em seu blog, mostra como grandes inovadores e ótimas inovações muitas vezes estão “dentro de casa”. Liden relata que sempre gostou da ideia de criar um algoritmo de recomendações baseadas no que o usuário possuía no carrinho de compras da Amazon. Segundo Liden, essa ideia não era nova. Supermercados colocam doces perto dos caixas para que os clientes comprem impulsivamente e de última hora. Segundo Liden, a ideia do algoritmo era criar recomendações personalizadas, trazendo compras de última hora. Liden construiu um protótipo, modificando a página do carrinho de compras da Amazon para que surgissem recomendações de outros itens que você poderia gostar, baseado nos itens já adicionados. Ao mostrar o protótipo da feature, um vice-presidente sênior de marketing foi totalmente contra a ideia de Liden, dizendo que a funcionalidade poderia distrair os usuários na hora de fechar a compra. O engenheiro conta que foi expressamente proibido de continuar trabalhando