Em 2020, o mundo passou por profundas transformações: rotinas de trabalho foram adaptadas, empresas se depararam com o desafio da sobrevivência, mas muitos aprendizados surgiram neste momento. Para as lideranças, isso não foi diferente.
Um estudo da McKinsey & Company mostrou o que os CEOs estão mudando na sua maneira de liderar e, entre os aspectos, pode-se destacar a velocidade e a agilidade na tomada de decisão. Nesse cenário, também ganham importância as habilidades de liderar com empatia, vulnerabilidade e propósito.
Com inúmeros desafios, o momento é verdadeiro ponto de inflexão. As lideranças tiveram grandes e importantes aprendizados em 2020, mesmo em um cenário pós-pandemia, eles deverão permanecer na rotina dos líderes e farão parte das organizações.
Por isso, listamos os 7 principais aprendizados que surgiram durante a pandemia e que devem permanecer como práticas na liderança do futuro. Confira!
1. Autoconhecimento e empatia
Muito já se falava em inteligência emocional, mas durante a pandemia a necessidade e importância dela ficaram evidentes. Em um contexto tão delicado, essa habilidade se tornou uma chave fundamental para encarar os desafios e saber gerir as próprias emoções.
Para o líder, esse processo foi ainda mais importante: ele precisou assumir uma postura mais humana, desconstruir a imagem do líder herói e mostrar sua vulnerabilidade para sua equipe. O resultado disso é a humanização da sua relação com o time.
E na criação dessa relação mais humanizada, dois elementos são fundamentais: autoconhecimento e empatia.
Ao prestar atenção às suas emoções, o autoconhecimento do líder pode ser uma chave para entender o que também está acontecendo com o time. Além disso, ao aumentar a sua consciência sobre si, o líder identifica seus pontos positivos e aqueles que precisam ser desenvolvidos.
Para aumentar o seu autoconhecimento, o líder pode se aprofundar em leituras sobre liderança, entender qual é o seu perfil de líder por meio de diagnósticos, estudar mais sobre essa habilidades e até mesmo ouvir os seus liderados sobre a percepção que eles têm sobre as suas práticas de liderança.
A empatia também é uma prática que se tornou fundamental. Daniel Goleman, autor considerado o “pai” da Inteligência Emocional, diz que:
“Um pré-requisito para a empatia é simplesmente prestar atenção às emoções dos demais”.
Essa frase reforça a importância do líder estar atento às emoções de seus liderados. Além de contribuir para o clima organizacional, a empatia beneficia a comunicação entre a liderança e os liderados e possibilita a tomada de decisão mais rápida e consciente.
2. Protagonismo para inovar
A busca por soluções inovadoras foi potencializada pelo contexto da pandemia, mas é uma prática que pode (e deve) ser incentivada e apoiada pela liderança constantemente. Quando os líderes estão envolvidos e comprometidos com a inovação, as organizações têm mais facilidade para criar um ambiente propício para ela.
E para incentivar a inovação, a liderança precisa ter confiança para dar autonomia ao time. Essa mudança de postura permite que os liderados procurem soluções criativas, tomem decisões de fato inovadoras e contribuam para os processos de inovação na empresa.
3. Agilidade e velocidade na tomada de decisão
Em um momento de tantas mudanças, os líderes precisaram tomar decisões de forma rápida e assertiva.
Não à toa, entre as cinco posturas que os líderes precisam ter, segundo a McKinsey & Company, está a tomada de decisão em meio à incerteza. Para isso, o líder deve coletar informações continuamente e assim avaliar como as respostas formuladas pelos times estão funcionando.
Para isso, o líder pode seguir a sequência de parar-avaliar-antecipar-agir. Assim que as medidas mais emergenciais sejam tomadas, o líder deve reservar um tempo para parar, refletir e pensar nos resultados da decisão antes de tomá-la.
Isso também colabora para a construção de uma visão ágil para a organização: ao ver um problema, os líderes e os times passam a ver também uma solução, simplificando processos e acelerando a velocidade do próprio negócio.
4. Engajamento das equipes
O ano de 2020 mostrou que, para liderar, é essencial dominar a habilidade de inovar, engajar e inspirar os times. Por isso, a qualidade dos líderes é determinante para uma organização.
Um estudo da Deloitte mostrou que 70% do engajamento de uma equipe depende da qualidade do seu líder. A pesquisa também aponta que um time desengajado é duas vezes menos produtivo, 54% menos eficiente e tende a ficar cinco vezes menos tempo dentro da empresa.
Para manter seu time engajado, é fundamental realizar uma gestão humanizada. Compreendendo a individualidade das pessoas do time, entendendo que antes de profissionais, são pessoas que fazem parte da equipe, o líder cria um ambiente seguro e motivador. Para isso, escuta ativa, empatia e comunicação assertiva são fundamentais.
5. Gestão da mudança
Uma pesquisa da Harvard Business Review identificou que 7 em cada 10 mudanças propostas nas empresas não saem do papel. O problema é que a pandemia exigiu transformações inéditas e imediatas, forçando uma rápida desconstrução da resistência às mudanças. E, nesse processo, os líderes precisam assumir o papel de agente ativo.
Na prática, existem alguns passos fundamentais para a implementação de mudanças. O modelo ADKAR, que é o acrônimo para Awareness (consciência), Desire (desejo), Knowledge (conhecimento), Action (ação) e Reinforcement (reforçar), é uma ferramenta prática para esse processo.
Entre os passos, estão:
- Consciência: o líder deve comunicar de maneira clara qual é o problema, apresentando os riscos envolvidos caso a mudança não seja feita e as principais razões da mudança.
- Desejo: são apresentados os benefícios da implementação da mudança. O líder deve perguntar para a equipe quais são os pontos de insegurança ou mesmo preocupação, e procurar formas de estimular o desejo pela mudança.
- Conhecimento: para compartilhar o projeto, as pessoas precisam entender como fazer as coisas. Em algumas mudanças, elas têm que desenvolver habilidades necessárias para o processo.
- Ação: além de ser exemplo na execução da mudança, o líder deve identificar e informar todas as pessoas que são necessárias para o processo.
- Reforço: padronizar as melhores práticas, reconhecer as pessoas que participam do processo e aprender e compartilhar os erros são práticas importantes para consolidar e reforçar a mudança.
6. Visão de curto e médio prazos
No contexto da pandemia, as organizações precisaram se adaptar para sobreviver. Esse movimento fez com que as lideranças voltassem a atenção para planos de curto prazo, priorizando a avaliação e revisão dos resultados de forma mais frequente.
Para isso, uma dica prática para os líderes é transformar o planejamento anual em trimestral para garantir uma dinâmica mais ágil de metas, resultados e avaliações. Dessa forma, ele consegue reavaliar as estratégias com assertividade e, se necessário, mudar de rota, garantindo um ambiente seguro para a equipe e a empresa.
7. Planejamento com propósito
Vicente Falconi, um importante consultor em gestão, afirma que existem dois motivos pelos quais as pessoas não atingem seus objetivos: elas não fizeram um bom plano de ação ou elas não executaram seu plano de ação.
Seja dentro da equipe ou mesmo na organização, é importante que os líderes construam soluções que estejam alinhadas ao propósito e ao core business da empresa.
Dessa maneira, mesmo em cenários de muitas mudanças, a liderança tem mais clareza sobre o direcionamento adequado e, assim, ela consegue focar em um planejamento mais assertivo. Isso contribuiu significativamente para a equipe, que tem mais segurança para executar o plano de ação e assim alcançar os resultados esperados.
Quem é o líder do futuro?
O líder do futuro é empático, vulnerável, precisa ouvir mais e dar mais autonomia. Mas também precisa agir com assertividade na tomada de decisão, garantindo um ambiente seguro e inovador para o seu time.
No episódio #12 do podcast Ou Vai ou Voa, o convidado é o Diretor de Business Unit. da Red Bull e professor da especialização de Liderança da Conquer, Marcelo Bitencourt, para conversar sobre o perfil do líder do futuro. Confira o bate-papo com os cofundadores da Conquer, Hendel Favarin e Sidnei Junior.