O estresse é, muitas vezes, visto como um vilão, algo a ser combatido a todo custo. Mas será que ele é sempre ruim? Bruce McEwen, neurocientista, professor da Universidade Rockefeller e autor do livro “O Fim do Estresse como Nós o Conhecemos” afirma que o estresse é fundamental para a nossa sobrevivência.
Isso porque ele nos deixa prontos para tomar decisões mais rápidas e guardar informações que podem nos ajudar a encarar os mais diferentes tipos de desafios.
Em outras palavras: pessoas com um nível de estresse mais elevado potencializam a sua capacidade de superar um problema.
O que é estresse positivo?
O estresse positivo é aquele que ativa nossa atenção, foco e energia, nos preparando para enfrentar desafios com mais clareza. É ele nos ajuda a tomar decisões mais rápidas, a guardar informações importantes e agir com mais eficiência.
Segundo McEwen, essa resposta acontece graças ao cortisol, também conhecido como o “hormônio do estresse”, que é liberado em situações de pressão e atua diretamente no hipocampo, a região do cérebro ligada à memória e ao aprendizado.
Ou seja, sentir estresse em determinadas situações pode ser o impulso que o corpo e a mente precisam para reagir melhor!
Como o estresse afeta o corpo e o cérebro
McEwen explicou como isso funciona em uma entrevista cedida à Revista Super Interessante: “A chave desse processo é o cortisol, que é liberado pelo cérebro em situações de pressão e é conhecido como hormônio do estresse. Como o cortisol está relacionado ao hipocampo, uma parte do cérebro importante para a memória e para o aprendizado, sabemos que o disparo desse hormônio faz com que fiquemos mais vigilantes e atentos.”
Agora, quando o estresse ultrapassa certos limites, os efeitos podem se tornar muito prejudiciais. O segredo está em entender qual tipo de estresse estamos vivenciando, e como ele está sendo interpretado pelo nosso cérebro. Ou seja, aprender a lidar com o estresse é um importante exercício de inteligência emocional.
Estresse bom, tolerável e tóxico: qual é o seu?
Assim, é preciso ficar ligado aos níveis de estresse, já que existem três degraus, o bom, o tolerável e o tóxico:
- Estresse positivo (ou bom): ativa foco, energia e desempenho.
- Estresse tolerável: causa desconforto, mas pode ser superado com suporte e autocontrole.
- Estresse tóxico: constante e sem alívio, afeta saúde mental e física.
Para entender em que nível você está, McEwen sugere que você responda essas perguntas:
- Você se sente capaz de resolver seus problemas pessoais?
- Você tem conseguido controlar sua irritação?
- Você sente que as dificuldades têm sido tão grandes que nunca poderá vencê-las?

A percepção muda tudo: o estudo de Harvard
A verdade é que, sob estresse, podemos ter mais força e foco, desde que saibamos como interpretá-lo. Um estudo da Universidade de Harvard mostra isso na prática.
Em uma situação de estresse, normalmente, nossas artérias se contraem – por isso há tantos casos de infartos que levam à morte. Porém, nesse estudo os pesquisadores colocaram as pessoas para em falar em público, com várias outras criticando a sua postura.
A pessoa testada era submetida a um momento de estresse extremo, então eles faziam um exame para saber qual era o fluxo de sangue no coração e, como esperado, os vasos ficavam contraídos.
Mas, quando os pesquisadores explicavam previamente que aquela sensação era um sinal de preparação do corpo, e não algo negativo, o efeito fisiológico era completamente diferente.
Ou seja, pensar no estresse como algo positivo, causou um impacto realmente benéfico, deixando as pessoas com mais energia e mais corajosas para enfrentar o desafio.
Como usar o estresse a seu favor?
Nesse TED, a psicóloga Kelly McGonigal explica que isso acontece porque com o coração batendo mais forte, ficamos mais preparados para a ação e com a respiração mais rápida, já que estamos levando mais oxigênio ao cérebro.
Por isso, quando você sentir que o seu corpo está entrando em estado de estresse, o que McGonigal sugere é que você pense: “isso é só meu corpo me ajudando a vencer esse desafio”.
Faça sua auto análise, e lembre que se nos estressamos demais, os efeitos acabam sendo maléficos, funções como memória, por exemplo, acabam prejudicadas. É por isso que apesar de termos mais força para atuar sob estresse, precisamos apreciá-lo com moderação, o segredo aqui é o equilíbrio.
O estresse não precisa ser seu inimigo: com consciência, ele pode se tornar um impulsionador. Que tal observar seu dia a dia e identificar onde o estresse pode ser um aliado? E, claro, quando ele precisa ser freado?
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