Trabalho remoto não significa trabalho isolado. E é sobre isso que vamos falar.
Quando falamos de cultura colaborativa, o próprio termo já nos passa a tradução literal do que ela pode representar: colaboração. Mas a verdade é que ela é mais que isso, e o impacto de sua implementação na empresa vai além do que a melhor estratégia pode trazer. Afinal, Peter Drucker já nos disse aquela famosa frase: a cultura devora a estratégia no café da manhã.
Segundo Carolyn Taylor, autora do best seller e da metodologia Walking the Talk, a cultura é percebida através do exemplo. “São os padrões de comportamento que são encorajados ou permitidos ao longo do tempo”. Digo isso para, logo no início desse artigo, lembrá-lo da responsabilidade de cada um na implementação e manutenção da cultura na empresa, seja ela qual for.
A cultura da empresa é como um DNA: uma combinação única de fatores que distingue a organização das outras.
Ela é criada, primeiramente, dos valores e crenças dos fundadores da empresa. Mas para que essa cultura se solidifique, é preciso que todos os colaboradores estejam alinhados aos valores e propósitos da organização, então é por isso que a cultura é continuamente moldada.
Sabendo disso, percebemos que os vários “tipos” de cultura, diferenciados pelas abordagens ao longo dos anos, podem ser revisitados e considerados. Por exemplo, segundo Charles Handy, o pioneiro na classificação da cultura organizacional, a cultura pode ser: do poder, dos papéis, das tarefas ou de pessoas. Mas ao longo das últimas décadas tantas outras vertentes surgiram, que hoje é difícil determinarmos o “tipo” da cultura de uma empresa friamente.
Hoje, no mundo VUCA, que é volátil, incerto, complexo e ambíguo, percebemos que tudo pode ser mutável e praticamente nada, principalmente ligado a comportamento, é tão simples e binário. Então, por isso hoje conseguimos compor a cultura da organização nos baseando nos principais pilares e vertentes em que a empresa acredita e vive diariamente, o que permite que seja muito mais fiel à realidade encontrada no dia a dia da empresa.
E a cultura colaborativa entra como uma dessas opções, sendo vista como uma das culturas de maior destaque, principalmente no momento em que vivemos, quando o home office se tornou uma realidade para grande parte das empresas.
Para ficar mais claro, destaquei os principais pontos que diferenciam a cultura colaborativa de outros formatos mais tradicionais nas empresas:
A cultura colaborativa age de forma a engajar o colaborador num nível mais profundo que o de atividades diárias. Envolvendo mais propósito e reunindo as rotinas e práticas diárias corretas, pode ir muito além do clichê de trabalho em equipe e resultar em equipes genuinamente colaborativas umas com as outras.
As diferentes perspectivas de uma cultura de colaboração contribuem para a criação de um ambiente organizacional de melhoria e adaptação constante, que é criado por e para os membros desse grupo, além de trazer mais resultados para a empresa e automotivação dos integrantes.
Se você não estava convencido até aqui, leu que pode “trazer resultados” e tudo mudou, né?
Aqui vai uma análise sobre o que causa esse impacto nos resultados:
A criação em conjunto e o envolvimento dos colaboradores em decisões que antes teriam apenas suas atividades atribuídas a eles, ativa o que chamamos de lócus de controle interno, que é uma habilidade que pode ser treinada e adquirida.
Segundo Carol Dweck, autora do livro Mindset e psicóloga de Stanford que ajudou a conduzir o estudo, lócus de controle interno é uma crença que podemos influenciar nosso próprio destino por meio das escolhas que fazemos. Pesquisas revelam que o lócus interno está associado a sucesso acadêmico, maior automotivação e maior maturidade social, por exemplo.
Ou seja, quanto mais sensação de estar no controle e participar de escolhas e decisões, maior será a motivação. Do outro lado, o lócus de controle externo, a crença de que a vida é influenciada principalmente por circunstâncias além do nosso controle, está relacionado com maiores índices de estresse.
Quando pensamos em home office, a primeira sensação que temos é de que, com cada um em sua casa, estamos menos conectados, o interesse reduz e as atividades que antes empolgavam, viram uma obrigação muito difícil de fazer ser produtiva.
Mas o trabalho remoto não é significado de “trabalhar sozinho” e não deve impactar sua cultura, principalmente na cultura colaborativa. E tenho uma grande dica sobre como fazer isso na prática: explore de forma criativa seus valores e fale sobre sua cultura com mais frequência.
Além disso, reconheça e valorize ações e comportamentos que reforcem a vivência dessa cultura no dia a dia. Todos os olhos agora estão voltados ao computador, utilizando o momento e o canal correto, sua mensagem pode ter um impacto muito maior.
Lembre-se: a cultura é gerada a partir de mensagens (não verbais) recebidas pelas pessoas a respeito do que é valorizado (Carolyn Taylor). Isso molda a cultura organizacional: aquilo que você prioriza, ao que você dá destaque e o que você escolhe abordar num momento de foco.
E num momento em que todos estão dependendo da clareza na comunicação, as mensagens verbais potencializam ainda mais se ela é ou não aplicada no dia a dia.
Desirée Anid é Coordenadora de Cultura e Endomarketing na Contabilizei e embaixadora da Conquer.
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