Artigo publicado originalmente no portal da Revista Exame.
São Paulo – Você acha que sua faculdade ou pós-graduação o preparou para ser um empreendedor ou um profissional com capacidade de ir mais longe na carreira? Para muitos estudantes, a resposta é não.
É o caso dos empreendedores Josef Rubin, Hendel Favarin e Sidnei Junior. Insatisfeitos com uma educação academicista e teórica, os executivos decidiram criar a própria escola. A inspiração para o currículo? As melhores instituições educacionais do Vale do Silício, a “meca das startups.”
Desde agosto de 2016, a escola Conquer já atendeu 5.000 alunos. O empreendimento faturou 1,2 milhão de reais em 2017, sendo que 30 a 40% desses ganhos vieram de treinamentos corporativos. Para o futuro, o colégio aposta na expansão por novos territórios – o que pode inclui a estruturação de uma rede franqueadora.
Josef Rubin, que liderou a operação do Grupo Boticário na Colômbia; Hendel Favarin, que advogou na empresa de auditoria e contabilidade PwC; e Sidnei Junior, que trabalhava na fintech de pagamentos Vindi, tinham uma característica em comum: eles estavam insatisfeitos com suas formações na faculdade e na pós-graduação.
Em 2016, os futuros empreendedores discutiram sobre como as instituições de ensino focam muito em conteúdos acadêmicos e teóricos. “Elas não incentivam o profissional a aprender habilidades que de fato o fazem ir mais longe”, defende Favarin.Entre as técnicas desejadas pelos executivos estavam inteligência emocional e financeira, liderança, negociação, oratória, persuasão e produtividade. Da conversa veio uma ideia de negócio: por que não fundar uma escola que ensinasse conteúdos de forma atraente e objetiva, fazendo com que o aluno aplicasse o que aprendeu já no dia seguinte?
Em busca de inspirações, Rubin foi ao Vale do Silício e ficou três meses em visitas a escolas como Draper University e Singularity. “A gente teve acesso a todo o ecossistema empreendedor do Vale e desenvolvemos nossa metodologia com base em escolas que de fato impactam o mundo”, afirma Favarin.
Em agosto de 2016, a escola Conquer abriu as portas para “empreendedores e funcionários que querem fazer diferente” em Curitiba (Paraná). O negócio recebe desde graduandos e empreendedores de 18 anos de idade até CEOs que já passaram dos 50.
Seguindo a tendência de micro-certificações e aprendizado ao longo da vida, as aulas na Conquer são feitas através de módulos, cada um com duas habilidades. O módulo de “Alta Performance”, por exemplo, combina inteligência financeira com produtividade. Os cursos duram de 6 a 10 semanas, com uma aula semanal de três horas de duração.
Os materiais de estudo são passados de maneira adiantada aos estudantes, já que as aulas são reservadas para resolver estudos de caso práticos. Os cursos listados no site são Alta Performance, Coragem, Poderes Especiais, Visão e Leadership Experience.
“Brincamos que as pessoas não têm de tomar café para ficarem acordadas. Avaliamos a performance diária, e não se ele decorou um conceito no final das semanas.”
Incorporando conceitos de gamification, os alunos são avaliados ao longo de desafios em classe, e não por provas finais. Além disso, ao final do curso, quem se sair melhor recebe prêmios como ingressos para shows ou um passe para saltar de bungee jumping.
Nos doze primeiros meses de operação, a Conquer teve mais de 2.500 alunos. O ticket médio por módulo é de 1.500 reais.
Com o feedback positivo, os sócios abriram uma segunda unidade, na cidade de São Paulo, e inauguraram um braço voltado apenas a treinamentos corporativos. De 30 a 40% do faturamento do negócio hoje se deve a capacitações em mais de 50 empresas como Contabilizei, Ebanx, Grupo Boticário, iFood, Philip Morris, PwC, Renault e Votorantim.
“Nosso foco original estava na pessoa física, mas tivemos de criar uma equipe em Curitiba e em São Paulo focadas apenas no treinamento in company. Há uma taxa de 80% de recompra”, afirma Favarin. “É um trabalho extremamente personalizado. Ainda que as habilidades sejam as mesmas de uma pessoa física, estruturamos os módulos para áreas e realidades diferentes em cada empresa.”
O maior cliente da Conquer é o Grupo Boticário, com capacitações em quase todos os meses. No ano passado, por exemplo, a área de Suprimentos realizou um treinamento de Produtividade para seus 96 funcionários em quatro semanas. Depois, 20 gestores tiveram um treinamento em Inovação.
“Nossos executivos de compras já tinham uma formação mais técnica, então decidimos sair um pouco da caixinha”, afirma Fábio Miguel, diretor da área de Suprimentos do Grupo Boticário.
Segundo o diretor, um grande diferencial do curso é ter uma metodologia prática e uma proposta específica para a empresa e para a área, indo contra o modelo fast food do mercado de cursos corporativos. “Temos stakeholders como fornecedores, desenvolvedores de produto e o pessoal do marketing. Nossos executivos aprenderam quais as prioridades de cada agente e como aumentar a produtividade nessa relação”, conta.
Após aprender a importância do time do market, conceito do Vale do Silício que ressalta a velocidade necessária aos lançamentos, a área de Suprimentos criou uma inovação para automatizar planilhas de Excel. O que demorava oito horas passou a levar apenas uma.
Segundo Miguel, a área pretende contratar o treinamento em Liderança para os gestores e, em casos mais específicos, capacitações em Coragem e Oratória.
Favarin estima que metade dos ganhos da Conquer sejam com treinamentos empresariais em breve. O negócio apresentou um faturamento de 1,2 milhão de reais em 2017 e, para este ano, espera faturar 4 milhões de reais. Em toda sua história, a Conquer já atendeu 5.000 alunos.
No próximo mês, a Conquer irá abrir uma outra unidade na cidade de São Paulo, no bairro Vila Olímpia. Em agosto de 2018, abrirá escolas em Campinas (São Paulo) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul).
O negócio também estuda expandir por meio do franqueamento para dar conta da demanda. Há duas semanas começou seu processo de estruturação das franquias – ter habilidades que fazem você ir mais longe, claro, são um diferencial quanto aos futuros franqueados.
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