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O que é Design Thinking (e como resolver problemas complexos)

As formas tradicionais de resolver problemas já não dão conta dos desafios que as empresas enfrentam. O Design Thinking é uma abordagem de pensamento centrada no usuário, criada para resolver problemas complexos de formas criativas

O mundo está mudando em uma velocidade cada vez mais rápida. As soluções de ontem geraram novos problemas, mais complexos, como a gestão do lixo e a busca por uma alimentação saudável. As formas antigas de resolver problemas e criar produtos e soluções já não suficientes. Por isso cada vez mais empresas e organizações recorrem ao Design Thinking, uma abordagem de pensamento centrada no usuário que utiliza os princípios do design na criação de produtos e serviços.

O design thinking é um conjunto de ferramentas para resolver problemas por meio da criatividade. Ao incentivar o pensamento divergente, a metodologia explora novas alternativas, soluções e permite que surjam ideias que não existiam antes. Por isso faz tanto sucesso com empresas que buscam a inovação.

As essência do Design Thinking consiste em incentivar o pensamento divergente para encontrar novos problemas. Um pacote de ferramentas é utilizado para transformar este brainstorming em ações práticas. O primeiro passo é sair da zona de conforto. O segundo é canalizar essa “bagunça” criativa para encontrar novos problemas — e criar novas soluções.

Muita gente se assusta com o Design Thinking. “Não sou criativo” ou “não é para o meu tipo de empresa” são pensamentos comuns. Mas a verdade é que ele está ao alcance de todos (basta ter um pouco de método e a mente aberta). Para mostrar que não é um bicho de sete cabeças, montamos este passo a passo com todas as fases de aplicação do Design Thinking. Neste artigo você vai entender:

  • O que é design thinking
  • Por que utilizar e quando
  • Como funciona
  • Cases
  • Será que o design thinking vai funcionar na minha equipe?

Bora lá?

1. O que é Design Thinking

O Design Thinking é um conjunto de ferramentas que adeque à “forma de pensar” do design para a resolução de problemas. A metodologia é cada vez mais popular entre empresas que querem lançar novos produtos no mercado ou trabalhar com inovação.

A origem do termo Design Thinking é atribuída a dois sujeitos do Vale do Silício, na Califórnia (EUA). Tim Brown, CEO da consultoria de inovação IDEO, e seu sócio David Kelley, professor na Universidade de Stanford. Os dois publicaram, em 2009, o livro “Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim de velhas ideias”.

Mas a prática de adaptar o pensamento do design para outros segmentos da indústria é mais antiga do que o termo. A própria IDEO utiliza estas ferramentas para as empresas de tecnologia do Vale do Silício desde que foi fundada, em 1991.

O Design Thinking é uma abordagem de pensamento. Uma forma de lidar com problemas. É substituir “vou construir uma cadeira” por “como posso ajudar as pessoas a descansarem melhor?”. Trocar “vou fabricar um carro” por “preciso ajudar a resolver os desafios de mobilidade urbana”.

Outro poder do Design Thinking é permitir que floresçam soluções criativas. Mesmo em ambientes quadrados e com equipes que não estão acostumadas a exercer sua criatividade.

2. Por que utilizar o Design Thinking e quando

O mundo está mudando rápido. Indústrias que permaneceram praticamente inalteradas nos últimos 100 anos são, de repente, atingidas com uma avalanche de mudanças. Caso das fabricantes de carros e de combustíveis fósseis, impactados pela conscientização ambiental; e da indústria alimentícia, que precisa se adaptar à conscientização crescente com a alimentação saudável.

Por isso a necessidade de criar produtos novos, adaptados às novas necessidades dos consumidores, é cada vez maior. A criatividade e a inovação deixou de ser um diferencial, e passou a ser uma questão de sobrevivência. Para encontrar novas respostas — para problemas que sequer existiam antes — o Design Thinking cai como uma luva.

O design thinking é muito utilizado para o lançamento de novos produtos e serviços porque é nesta hora que a maior parte das empresas se depara com a necessidade de inovar. Mas as ferramentas podem e devem ser utilizadas em outros projetos por empresas que buscam construir uma cultura de inovação.

Algumas companhias chegam a utilizar o design thinking para revisitar toda a sua estratégia. E algumas chegam  à dura conclusão de que é preciso recriar seu modelo de negócios. As montadoras, por exemplo, estão deixando de ser “fabricantes de carros” para serem “provedoras de solução em mobilidade”.

O Design Thinking é utilizado por companhias que querem inovar, em momentos em que elas precisam de método para organizar o processo criativo.

3. Como funciona

O processo de criação pelo Design Thinking conta com três ciclos: inspiração (ou imersão), ideação e implementação. São ciclos que se retroalimentam. Observar como um usuário utiliza um protótipo, por exemplo, pode trazer ideias que alimentam o ciclo inspiracional, que leva a novos projetos e produtos (e assim sucessivamente).

O grande objetivo é criar um processo de criação que ocorra com as pessoas e não para as pessoas. Nos modelos tradicionais, as empresas passam meses desenvolvendo um produto para só lançar quando estiver tudo “redondo”, com a versão final.

Imersão

A primeira fase do design thinking é a imersão. É o momento de mergulhar no problema, encontrar suas origens e de compreendê-lo — tanto do ponto de vista do cliente (do que ele precisa?) quanto da empresa (o que ela pode oferecer como solução?).

A imersão muitas vezes é divididas em duas etapas: preliminar e em profundidade. A imersão preliminar ajuda a delinear o problema e a definir se a equipe está no caminho certo. A imersão em profundidade é o momento do “mergulho”, para entender todos os aspectos possíveis e imagináveis do problema. É a hora de abrir portas, abrir a cabeça para dezenas de possibilidades.

A imersão implica em ir para rua, conversar com pessoas, conhecer realidades diferentes. Tudo para tentar se colocar no lugar do usuário.

Algumas ferramentas utilizadas nesta fase são: pesquisa exploratória, reenquadramento , pesquisa desk, entrevistas, sessões generativas e cadernos de sensibilização.

Ideação

A ideação no Design Thinking é a fase do brainstorming. É o momento de pensar fora da caixa — de destruir a caixa. É o momento de pensar em soluções inovadoras que possam solucionar os problemas elencados ao longo da jornada.

A maioria das soluções inovadoras elencadas na fase de ideação vai ser descartada ou deixada de lado. Isso não é problema, pois este é um momento de estimular a criatividade da equipe. O objetivo é transformar a criatividade em cocriação, ou seja, aproveitar as ideias que surgem para desenhar novos projetos  passíveis de implantação.

O processo de ideação é de criatividade direcionada. Várias técnicas podem ser aplicadas nesta fase para auxiliar a equipe a depurar e organizar as ideias.

Algumas das ferramentas utilizadas nesta fase são: mapa de empatia, diagrama de afinidade, construção de personas, mapa conceitual, jornada do usuário e blueprint.

Implementação

A terceira fase do Design Thinking é de implantação da solução que foi lapidada ao longo dos estágios anteriores. Também é conhecida como prototipação, já que o objetivo é criar um protótipo que permita testar a viabilidade daquela solução no mercado.

Nos métodos tradicionais, o protótipo é muito similar a uma versão acabada do produto. Ele é produzido após a fase de pesquisa e planejamento. Muitas vezes a estratégia de mercado já está totalmente definida, e a principal função do protótipo é ser uma versão de teste.

Já no Design Thinking o protótipo é parte da pesquisa. Ele deve sair do papel com o mínimo necessário para ser testado pelo mercado. É o conceito de MVP: mínimo produto viável (na sigla em inglês). O protótipo permite que o produto seja mercado diretamente com o mercado. Estes testes geram aprendizados que permitem ajustes de rota visando a melhoria do produto.

4. Cases

ESPN

Produto: novo site

Problema: líder mundial em transmissões esportiva, a ESPN recebia muitas reclamações dos usuários que tentavam navegar na fanpage do canal em inglês. Difícil de navegar, a  página era um desastre em termos de experiência do usuários.

Solução: o passo número um da ESPN foi ouvir os clientes para entender melhor qual era o problema da página. O redesenho da homepage foi feito com base em estudos de comportamento do usuário. Como resultado, a ESPN hoje é o 7.º maior site de stream dos Estados Unidos, e responde por 50% do tempo que os usuários passam assistindo a vídeos esportivos na internet.

Oral-B

Produto: escova de dente elétrica

Desafio: a Oral-B queria lançar uma escova de dente elétrica com conectividade de internet das coisas (IoT), mas não sabia quais features inserir no aparelho. A fabricante cogitou criar um sistema de rastreamento de dados que se integrasse às escovas para garantir que o usuário escovasse corretamente todos os seus dentes. Mas as ferramentas de design thinking apontaram que isto só aumentaria a angústia e a culpa que os usuários sentem em relação a sua saúde mental.

Problema: a fabricante entendeu que os problemas reais dos usuários de escovas elétricas eram: esquecer de carregar o aparelho; e não lembrar de comprar refil de cerdas.

Solução: a solução foi desenvolver uma escova com entrada USB, que pode ser carregada sem necessidade de uma estação complexa. Além disso, a nova escova tem um sistema que detecta quando as cerdas estão ficando velhas e envia um lembrete para o email do usuário. Desta forma ele lembra de comprar o refil quando está em frente ao computador ou celular e pode efetivamente fazer a compra.

O Boticário

Produto: implantar o conteúdo desenvolvido pelo laboratório de inovação da empresa em uma loja física.

Desafio: criar uma loja que integrasse novas tecnologias e processos desenvolvidos no Botilabs, o laboratório de inovação da marca, de uma forma que fizesse sentido para as demandas da empresa (que não fosse tecnologia por tecnologia)

SoluçãoO Boticário lançou uma flaship com integração tecnológica em Curitiba, sua cidade natal. Entre as novidades, um espelho digital por meio do qual os clientes podem ter acesso a tutoriais e testar maquiagens e um “painel de selfie” com realidade aumentada. Todas as mudanças foram costuradas pelo laboratório Botilabs em parceria com diferentes áreas, como visual merchadising e equipes de lojas, com base na demanda dos clientes da marca.

5. Será que o design thinking vai funcionar na minha equipe?

Como você viu, o Design Thinking é uma jornada. É uma forma de resolver problemas complexos, que não precisa ser utilizada para todo projeto, o tempo todo. Mas um fato é que o Design Thinking pode ser utilizado em qualquer empresa — e com qualquer equipe.

Para isso é preciso saber adaptar as ferramentas e compreender quais os objetivos da aplicação dos instrumentos. Nem sempre isso é fácil, porque não é mera aplicação de uma metodologia. O Design Thinking é voltado para as pessoas — e a mentalidade de quem vai criar os projetos é a primeira que precisa ser impactada.

A cultura das organizações é o pilar desta transformação. Por isso o mindset digital é a base dos programas de inovação do Conquer Labs. Utilizamos e ensinamos o Design Thinking em nossas aulas. Mas, mais do que isso, utilizamos nossos treinamentos para ensinar uma forma de pensar o mundo orientada para a inovação. Quer saber mais sobre os nossos treinamentos de inovação para empresas? Entre em contatos conosco por email ou nas redes sociais!

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