O setor da saúde, incluindo profissionais, estabelecimentos e até mesmo entidades de classe, é historicamente tradicional. Vivemos nas últimas décadas, porém, um movimento de viés tecnológico, cujos impactos ainda nem podemos mensurar. A partir da nossa experiência de inovação no Hospital Santa Paula, vamos discutir neste artigo os impactos indústria 4.0 no ambiente hospitalar.
É importante observar que esse é um caminho sem volta e que, na verdade, contribui – e muito – com o desenvolvimento da área. Para além das fábricas e do e-commerce nosso setor está também “abraçando” conceitos como internet das coisas (IOT) e processos automatizados, componentes da chamada indústria 4.0. Neste caso, a produção digital associa-se a máquinas, produtos, sistemas e usuários.
No Hospital Santa Paula a transformação digital já é uma realidade e com muita oportunidades em vista. Na área médica lidamos com qualidade e segurança e é nisto que o processo de transformação mais nos auxilia. Para nosso corpo assistencial, a digitalização e virtualização de processos já implica em uma formação diferenciada para integrar ferramentas que geram e processam os diferentes dados coletados.
Mesmo os médicos de nosso corpo clínico já se mostram familiarizados com a digitalização. E esse processo de incorporar novas tecnologia ao dia a dia da profissão não foi nada traumático. Pelo contrário.
Obviamente, não podemos abrir mão de um conhecimento prático profundo da profissão. A digitalização e adoção de tecnologias deve ser complementar. Quando nossos profissionais observaram que conceitos como “big data” e “integração de dados” são benéficos e contribuem com seu trabalho, a aceitação é imediata.
A Inteligência artificial apoia mas não substitui a equipe multidisciplinar, na melhoria continua dos processos assistenciais.
Hospital totalmente digital
Recentemente, o hospital recebeu a Certificação Internacional da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) estágio 7 (grau máximo), uma das associações internacionais de maior prestígio mundial no setor de saúde. A instituição foi a primeira de São Paulo a conquistar o nível máximo da EMRAM – Electronic Medical Record Adoption Model –, se consolidando como hospital totalmente digital (paperless).
É importante observar que digitalização total permite à instituição o uso de diversas ferramentas para a segurança do paciente, fazendo com que medicações, exames e procedimentos sejam mais bem controlados, evitando eventos adversos.
Internet das coisas (das coisas médicas)
No Hospital Santa Paula, a utilização da IOMT – Internet of Medical Things – já é corriqueira, apoiando a instituição com mobilidade e orquestração de múltiplos dispositivos que integram no prontuário eletrônico todos os dados do paciente.
A informação sobre os pacientes é capturada dos equipamentos e segue direto para o prontuário dele. Neste ambiente de conectividade extrema e interoperabilidade, não podemos esquecer da segurança e da confidencialidade dos dados do paciente, dados estes de grande valor para a instituição e de alto valor para hackers.
Próximos passos da transformação digital
O Hospital Santa Paula já trilha um caminho de transformação digital. Há grandes desafios para os próximos passos, que se dividem em três esferas:
- Pessoas: como qualificar nosso ambiente de trabalho frente às grande mudanças que enfrentamos todos os dias; e promover a retenção de nossos talentos, em face do constante assédio (pelo grande valor que temos em nosso capital humano);
- Processos: neste ambiente VUCA (Volatility, Uncertainly, Complexity e Ambiguity), característico da Economia 4.0, o aprender e desaprender torna-se um fator presente no dia a dia. Este exercício deve ser incorporado à rotina da instituição e nos estimula a entender que este modelo é definitivo, nada será como antes.
- Tecnologia: a incorporação tecnológica se faz não somente no âmbito da assistência. Surgem novos modelos de equipamentos para diagnostico, monitorização ou robótica para procedimentos cirúrgicos. A incorporação da Inteligência Artificial já impacta a nossa rotina diária e seguramente nos provocará um verdadeiro tsunami de dados.
HSPInovalab: ambiente de colaboração
Frente a estes desafios, o Hospital Santa Paula tomou a iniciativa da criação do HSPInovalab, ambiente para a cocriação das presentes e futuras demandas nestas três esferas. Em parcerias com startups e heathtechs e estimulando o ambiente interno para desenvolver soluções, entendemos que a qualificação de nosso time trará o resultado necessário para “surfar”a próxima onda que já inunda nossa praia. Design Thinking, Lean, Canvas, MVP, Scrum e pivotagem são jargões presentes no vocabulário do Hospital Santa Paula.
Como parte do projeto HSPInovalab, rodamos o programa Setup Innovation Seed, do Conquer Labs, com profissionais do hospital. Ao longo de dois meses, os profissionais do hospital participaram de encontros para discutir o que há de vanguarda no mundo da inovação e da saúde 4.0, sempre trazendo os debates para a nossa realidade.