A transformação digital vai fazer as empresas mudarem de patamar. E o RH é o grande responsável por esta transformação, porque a chave dela são as pessoas. Esta foi a tona da primeira edição do RH Talks CWB, que reuniu executivos para responder à pergunta: o que os CEOs esperam do RH?
Grande evento da Conquer para a área de Pessoas, o RH Talks reuniu mais de 200 líderes de Recursos Humanos no Salão de Atos do Parque Barigui, em Curitiba.
O tema da transformação digital dominou a noite. Os seis executivos convidados deram sua visão sobre como as pessoas são o elemento central da inovação que está atingindo, com maior ou menor força, todos os setores da economia.
O RH Talks CWB contou com três palestras e uma mesa redonda, dos executivos:
Milena Seabra :: Diretora Corporativa @ GRPCom
Aline Gomes :: Head @ Conquer SP
Marcio Viana :: CEO @ TOTVS Curitiba
Ivo Roveda :: Co-fundador @ James Delivery
Ernesto Maceiras :: CEO @ Darnel Group
João Tosin :: CEO @ Celero
Confira tudo que rolou em um dos maiores eventos de RH de Curitiba!
Milena Seabra @GRPCom
“A gente está vivendo um momento único. Fazendo um mapa de navegação — coisas que nunca foram feitas — e para isso precisamos trocar muita informação. Por isso é muito especial estar aqui no RH Talks”.
Com esta frase, Milena Seabra abriu o RH Talks em Curitiba e anunciou o que seria o tom da sua palestra: a transformação digital. Diretora corporativa do GRPCom, Seabra é uma das principais líderes no processo de transformação do maior grupo de mídia do estado do Paraná.
Com o conceito de Vórtex Digital, Milena mostrou que *várias indústrias, de todos os setores vão ser impactadas pela transformação digital, algumas mais rápido e outras mais lentamente*. E o setor de mídia e entretenimento, em que ela atua, está no olho deste furacão.
“Quando a gente olha para isso não adianta se esconder: ou a gente entende e surfa esta onda, ou vai ser engolido”, destacou.
Não se trata de uma mudança de tecnologia, como muitos pensam. Mas é uma transformação na essência, na lógico do negócio. Outro jeito de pensar e de ser dentro da comapanhia.
E qual o papel do RH nisso tudo?
Nesse mundo em que o novo e o velho convivem, o maior desafio é mudar a cultura da organização. Isso significa mudar as pessoas. *E ninguém mais do que o RH vai entender isso*, na opinião de Milena Seabra.
Diante de tantos dilemas, ela listou 6 provocações essenciais para a área de Recursos Humanos assumir este papel estratégico:
- Como mudar a cultura da organização?
- Como equilibrar inovação e risco?
- Como reduzir a complexidade improdutiva — sem simplificar demais as fragilidades?
- Como as pessoas se empoderam e assumem papéis (não necessariamente cargos!) novos dentro da empresa?
- Como criar um mindset digital e colaborativo?
- Qual o papel da liderança em uma organização mais horizontel e orgânica?
Como fazer isso na prática?
Para finalizar, Milena contou como desenvolveu um modelo de Gestão da Cultura no GRPCom. O grupo congrega empresas com a RPC (maior afiliada da Rede Globo) e a Gazeta do Povo (jornal centenário que é case internacional por sua migração do impresso para o digital).
A primeira etapa foi estabelecer um propósito: “estimular em cada um o desejo de ser melhor e contribuir para o bem da sociedade”.
5 Atitudes foram criadas como guia desta cultura: buscar ser melhor todos os dias; fazer acontecer; acreditar em uma sociedade melhor; inspirar o outro; e enxergar o todo.
A Jornada da Cultura foi construída em quatro etapas: Atrair. Com foco no alinhamento cultural. Engajar. Com o propósito e as convicções, fazendo gestão do clima. Desenvolver. Com trilhas de conhecimento, cultura de feedbacks e desenvolvimento da liderança. Reconhecer. Com trilhas de carreira, recrutamento interno e reconhecimento não financeiro.
Aline Gomes @Conquer
Por mais de 15 anos, Aline Gomes foi executiva de RH em grandes empresas, como Accenture, Ambev, Philip Morris e Bridgestone. Neste período, as três cobranças que ela mais ouvia eram:
- “O RH não conhece do negócio”;
- “Investir em desenvolvimento de pessoas não gera mudança de mindset”; e
- “O RH não está preparado para a inovação!”
São três pressões que mostram a cobrança para que o RH cumpra um papel cada vez mais estratégico.
Desafios do RH
Há cinco anos, Aline Gomes saiu do RH para assumir posições de liderança ligadas à estratégia do negócio.
Responsável pelos treinamentos corporativos da Conquer, ela desenvolve em colaboração com os clientes (em geral o RH) formas de posicionar as pessoas dentro deste mundo Vuca.
No RH Talks, Aline listou os 4 principais desafios do RH:
Jornada do colaborador.
Muito se fala hoje em dia de customer success (CS) olhando para o clientes externo. Mas o que a maior parte das empresas esquece é que o colaborador é seu maior cliente. Construir uma jornada para este colaborador é um dos desafios do novo RH.
Experiências de aprendizado
Desenhar experiências de aprendizado para desenvolvimento organizacional. O quanto a empresa está preparada para desenhar uma experiência de aprendizado que contribui tanto para o negócio quanto para o propósito do indivíduo?
Janelas quebradas
Como transformar “janelas quebradas”, aquelas atitudes que muitas vezes os colaboradores repetem entre si por um fenômeno de equipe, em um rito de cultura da organização?
Transformação digital
O RH é um dos principais agentes da transformação digital, tanto para os líderes quanto para o conjunto de colaboradores da empresa.
“As pessoas não querem mais só um emprego, elas querem fazer a diferença. E de que maneira você facilita isso enquanto RH?”, Aline Gomes, da Conquer, sobre o papel do RH.
Aline encerra com os três eixos que precisam ser fomentados nos colaboradores por um RH estratégico: autonomia, excelência e propósito.
Márcio Viana @TOTVS
“Estamos vivendo um mundo de transformação digital que vai fazer a gente virar a curva. Não sabemos como vai estar a economia amanhã, quem são os profissionais que vamos contratar. Mas fato é que precisamos mudar de patamar: e quem muda é o RH!”.
CEO da unidade Curitiba da TOTVS, Márcio Viana resumiu o que ele espera do RH com: ser provocado.
O CEO listou 7 conceitos essenciais para área de pessoas nas organizações:
- Ter e manter uma cultura organizacional;
- Foco em pessoas e liderança;
- Profissionais analíticos, com foco em mensuração de dados;
- Treinamento com busca à excelência;
- Profissionais com atitude e ação;
- Um clima organizacional adequado; e
- Profissionais que trabalhem com simplicidade e que sejam polímatas, capazes de aprendar várias habilidades.
Novas skills e novas profissões
Para enfrentar esta transformação digital, Márcio destacou a emergência de novos tipos de habilidades. O que dá origem a novas profissões.
O CEO listou as 15 skills fundamentais que o RH da TOTVS busca nos profissionais contratados pela empresa. Sem distinção entre “soft” e “hard”, as habilidades vão desde matemática e estatística até inteligência emocional, adaptabilidade e inconformismo.
Como exemplo desta mudança de skills, Viana citou 7 novas profissões — que já existem:
- Gestor de redes sociais;
- Youtuber;
- Podcaster;
- Cientista de dados;
- Piloto de drones;
- Controlador de nuvens;
- Agente da transformação digital.
Viana encerrou com uma provocação:
A transformação digital já começou. Agora falta as pessoas se adaptarem a ela.
Executivos debatem
O RH Talks CWB também com um debate entre três executivos que trouxeram suas distintas realidades e opiniões sobre o papel do RH. João Tosin, da Celero; Ivo Roveda, do James Delivery; e Ernesto Maceiras, da Darnel Group, debateram e responderam dúvidas enviadas pelos participantes.
Confira os principais destaques abordados pelos executivos:
Ernesto Maceiras @Darnel Group
“Não seja um RH táxi, acomodado. E sim um RH Uber, que se antecipa, pensa na experiência do cliente, faz diferente, é preventivo. Quem não entende de pessoas não entende do negócio”.
Ivo Roveda @James
“Cultura é uma ferramenta para tomada de decisão. A maneira como os fundadores gerem a empresa e quer que os funcionários vivam”
João Tosin @Celero
“RH tem o desafio de engajar não pelo dinheiro. Não espero que o RH adote modas, mas que ele tenha a capacidade de aprender o que estão fazendo certo no mercado e adaptar para a realidade da empresa”